A pergunta, que é retórica, poderia ser desdobradas em
outras duas: por que votar, e votar em quem. Antes de responder, passo à
afirmação: eu voto em Adilson Mariano para vereador em Joinville.
O exercício do voto, amplo e irrestrito, sempre foi ave rara
entre nós e mesmo a proclamação da República não se deu muito trabalho em
garanti-lo, pelo contrário. Só recentemente, e depois de uma ditadura, que se
aclimatou definitivamente aos ares do Brasil o direito universal a votar e ser
votado. Curiosamente, não raras vezes temos a impressão de uma certa
irrelevância do voto, da irrelevância da representação política, e custamos a
acreditar ser ele o supra sumo da democracia, um poder do povo e para o povo,
exercido por representantes em seu nome.
A razão disso não precisa ser buscada em algum céu
metafísico: durante cada eleição se repete um estranho desfile de candidatos, a
nos pedir voto e confiança, mas principalmente voto, é claro. Eles surgem como
se surgissem do nada, avulsos, ou melhor, na maioria dos casos tem como único
atestado de existência, para o eleitor comum, o material publicitário de que
são o personagem principal. A natureza do processo eleitoral contribui para
essa impressão: as eleições parecem ser a hora de simplesmente escolher
candidatos, como quem escolhe um produto de uma prateleira, e a propaganda
política com a qual nos acostumamos, reforça essa ideia.
Votar em Adilson Mariano não é escolher um candidato, é bom
dizer. Votar em Mariano é outra coisa. E aí está toda a diferença. É escolher
uma política. Em que pese as inúmeras qualidades do próprio, que conheço e com
quem trabalhei, não é isso que conta para os eleitores, que acompanham um pouco
mais de perto seu trabalho, e para ele que, diuturnamente comprometido com
progresso social e com as demandas dos trabalhadores, não trabalha para si, mas
por um projeto político. Aliás, Mariano sempre fez um notável esforço para dar
menos relevância a sua persona política, em nome da relevância das
ideias e políticas que defende. E creio que em prejuízo próprio: tenho a
impressão que a pessoa de Adilson Mariano teria mais votos que o projeto
político de Adilson Mariano. E todos eleitores, mesmo os que não votam nele,
sabem o que Adilson Mariano defende. O voto pode ter relevância. Sua relevância
não vem do ato em si, de escolher um nome em uma lista. Vem do contexto em que
esse ato se insere, e de como esse contexto nos compromete: essa é a política,
feita no dia a dia, com virtude, e sem resignação. Porque a clareza da
distinção entre quem se é e o que se defende, a pertinácia em defender o que se
considera justo, o exercício legítimo e correta da representação que se faz,
também qualidades de uma pessoa, tudo isso mostra que o maior político é aquele
a altura da política que defende e não há maior ambição política do que tirar
de si o que melhor que pode haver no homem comum. Esse é Adilson Mariano, para
ele meu voto e minha confiança.
Alexandre de Oliveira Torres Carrasco, professor
universitário.